ele está
ali só desamparado desiludido à beira-mar
à espera
por certo que as vagas lhe devolvam
em
bandejas de prata de luar de esplendor
toneladas
de sal em quartos de sofrimento
que em
noites de suor de tempestade de labor
emprestou aos fantasmas do delírio do desdém
e a cada
onda que na costa se forma se despenha
ele é o
primeiro a vociferar de forma intempestiva
tu ó incógnita água que o meu mal afugentas e espantas
acaso vislumbraste lá ao longe no alto mar
bocados
da minha aziaga juventude à deriva
acaso
divisaste os meus amores de praias de luar
por quem
outrora combati e gladiei e carpi mágoas
acaso
lobrigaste as minhas aventuras de maré cheia
onde tu ó força cruel bárbara estrangeira
onde tu
foste testemunha viva de que eu desabusei
o pajem
ele continuava neste ritmo aluciante arrebatado
a
descrever objetiva e cruelmente o que deveras sentia
mas apenas o som surdo
ordenado compacto
de um
choque de duas massas era tudo quanto ouvia
ele
continua aqui comigo à beira-mar sentado
e temos na
consciência o mesmo fardo a mesma matiz
que se
lavra à preia-mar a sucintos traços de sal e de giz
o pajem
ele sou eu a gemicar atordoado
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