na almofada do desejo me deito e me deleito
e na escuridão da noite arquiteto e conjeturo
mulheres sem rosto sem escrúpulos sem leito
a gemerem desamparadas cegas contra um muro
há nesses raros momentos de delírio
algo de esquivo e de enigmático que me tenta
isto de agarrar medicamente o pesadelo
pelas pontas hirtas dos seus fartos cabelos
e numa intervenção paciente quase sanguinolenta
aparar-lhes os ramos feminis com dóceis escalpelos
e por fim esmagadas as flores do martírio
fingidamente adormecer como uma criança
que exausta da sua longa e árdua jornada
se deita de imediato no leito e logo descansa
sem pensar no que durante a noite aconteceu
sem pensar absolutamente em mais nada
a não ser talvez no sono que já o venceu
© Manuel Fontão
e na escuridão da noite arquiteto e conjeturo
mulheres sem rosto sem escrúpulos sem leito
a gemerem desamparadas cegas contra um muro
há nesses raros momentos de delírio
algo de esquivo e de enigmático que me tenta
isto de agarrar medicamente o pesadelo
pelas pontas hirtas dos seus fartos cabelos
e numa intervenção paciente quase sanguinolenta
aparar-lhes os ramos feminis com dóceis escalpelos
e por fim esmagadas as flores do martírio
fingidamente adormecer como uma criança
que exausta da sua longa e árdua jornada
se deita de imediato no leito e logo descansa
sem pensar no que durante a noite aconteceu
sem pensar absolutamente em mais nada
a não ser talvez no sono que já o venceu
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